Alongar com saúde e relaxar com eficiência. Especialista diferencia as duas atividades e explica como aplicar as técnicas corretamente.

Quando o assunto é alongar, muitos associam a palavra ao simples ato de aquecer o corpo antes do treino, assim como relaxar, possui o sentido de diminuição de tensão corporal. Para o professor de Prescrição de Exercício Físico e Ginástica da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Abdallah Achour, não é fácil definir os dois termos, pois são mais complexos do que se imagina. “Muitas pessoas erram em usar os mesmos exercícios para alongar e relaxar. O alongamento é uma descontração muscular, ou seja, um relaxamento muscular e por isso as pessoas confundem. No alongamento você relaxa os músculos, mas é diferente do relaxamento”, explica o professor, ressaltando que “o relaxamento é a concentração na percepção do nosso corpo. Relaxar é sintonizar o corpo e mente. Um bom exemplo são as aulas de Ioga e Tai Chi Chuan”.

Alongar para relaxar

O principal benefício do alongamento é o desenvolvimento da flexibilidade. Diferente do que as pessoas pensam, alongar 20 segundos não quer dizer ser flexível. Se tornar flexível, é desenvolver a flexibilidade do corpo através do aumento gradual do tempo e intensidade do alongamento. Sabe aquele desconforto que é uma das principais queixas na hora de alongar? É esse incômodo comum que controla a intensidade do alongamento. Porém, é preciso diferenciar desconforto de dor. O desconforto é um incômodo sem sinais de ruptura dos músculos. Normalmente, ocorre pelos músculos estarem “frios”. Para o professor Abdallah, as pessoas precisam entender que dor e desconforto são sensações diferentes para evitarem lesões. “O alongamento por si só não previne lesões. O que ajuda na prevenção de lesões é ter flexibilidade corporal. Além disso, é preciso ficar atento, pois dor e desconforto são sensações diferentes” explica o professor, afirmando que “a dor de contratura ajuda no alongamento, agora a dor de contusão pode piorar o estado da lesão ao realizar a atividade”. Para ele, o ideal é alongar de 40 a 60 segundos e aceitar o desconforto para ampliar o resultado do alongamento. Para não ter um alongamento monótono, seja antes ou depois do treino, o ideal é apostar em associar os exercícios aeróbios com a atividade. O aluno pode optar em uma corridinha, pausar e alongar; realizar saltitos, pausar e alongar; entre outros. Se o objetivo for aquecimento para diminuir a rigidez dos músculos, o alongamento estático é o mais indicado, pois aumenta a temperatura do corpo. Já se o foco for relaxar ou desenvolver a flexibilidade, o ideal é um alongamento mais dinâmico.

Relaxar para alongar

O relaxamento não serve apenas para diminuir o estresse corporal. A atividade serve para se perceber o estado mental de cada praticante. As academias ainda não se familiarizam com a prática de relaxamento, mas a atividade é ideal para renovar a energia mental dos alunos. Essa sintonia entre o corpo e mente realizada pelo relaxamento pode ser desenvolvida de diversas formas pelo professor de Educação Física. O professor pode optar em colocar os alunos sentados, deitados ou até mesmo andando em uma sala com uma música tranquila ao fundo. Sendo assim, os alunos começam a se atentar na própria respiração, que normalmente passa despercebida com todos os sons que existem ao nosso redor. Para o professor Abdallah a maior conectividade entre a mente e o corpo é a respiração. “A respiração tem conexão com a emoção. Ouvindo a respiração é possível ampliar os pensamentos e termos consciência deles. No dia a dia, só pensamos no que vemos. No relaxamento, é possível desenvolver os nossos sentimentos e emoções”, explica o professor. Para ele, o relaxamento é capaz de diminuir a tensão muscular e ao mesmo tempo trabalhar a ação mental do aluno. Em um mundo de stress, melancolia e depressão, quanto mais consciência do corpo as pessoas tiverem, menos serão os desgastes na hora de realizar as tarefas do cotidiano.