Ao realizar uma consulta, o terapeuta holístico observa o paciente no seu todo para determinar de onde provêm os sintomas que traz.
A análise começa no primeiro contacto, ao recebê-lo, antes da anamnese, em que são tidos em conta a sua maneira de caminhar, falar, o tom e timbre de voz, o olhar, as expressões faciais e corporais. Isto são os aspectos exteriores.
A observação continua com a anamnese, em que se tenta ler as informações subjectivas, através do nome, data de nascimento, e as objectivas pela análise do pulso, língua, olhos, rosto em geral, unhas, etc.
Quando o paciente expõem as suas queixas, o terapeuta vai relacioná-las com a hora, o órgão, o comportamento, as emoções que o perturbam, até muitas vezes chegar ao ponto de ver que determinado desconforto físico provém de determinado desequilíbrio emocional. A partir daí vem todo um trabalho em que a psicossomática tem um papel importante na explicação ao paciente, até que ele perceba, aceite e colabore para voltar a um estado de equilíbrio físico, mental e muitas vezes espiritual. Por outras palavras, fique em paz consigo mesmo.
Há vezes em que tal trabalho está quase no limite do possível porque o tempo não está a favor do terapeuta, o paciente traz consigo tantas mazelas físicas, muitos danos, por vezes já foi amputado, perdeu a auto-estima, engordou ou emagreceu descomunalmente e pode estar a viver numa depressão profunda que custa reverter o quadro. É como me disse alguém um dia: “uma dor tão grande na alma que faz doer o corpo todo”. Nesses casos, só tenho a dizer o seguinte: “se o passado a pessoa não pode mudar, pelo menos faça do futuro aquilo que merece”.
Recentemente faleceu uma pessoa que conheci, vítima de cancro num órgão, que prefiro não revelar. Na minha opinião, essa patologia poderia ser revertida com um trabalho ao nível alimentar, com o auxílio da fitoterapia e com o trabalhar das emoções, sem menosprezar todo o trabalho alopático que a medicina convencional oferece.
Essa morte parece ter assustado muitas outras pessoas que agora me procuram para saber o que se pode ou não tomar em presença deste ou daquele cancro.
A interpretação não é tão linear, o terapeuta holístico trabalha principalmente ao nível da prevenção e aconselha, quando percebe, através de alguns daqueles meios de diagnóstico que mencionei, no início deste artigo, a ter cuidados para a pessoa não vir a ter problemas em determinados órgãos. Mas nem todos os males terminam fatidicamente em cancro.
Por exemplo, se alguém nos fala que sente uma dor do lado direito e que acorda entra a uma e as três da manhã, confirmamos na língua, olhos, cabelo, rosto ou perguntamos directamente ao paciente se está a viver um período de alguma irritabilidade, ressentimentos, raivas descontroladas e convidamo-lo a tomar consciência desse facto, aceitar e reverter o quadro. É aqui que entra o trabalho das suas emoções e a sua entrega espiritual. Não é porque o terapeuta holístico adivinhou mas porque existe um relógio biológico, marcas no rosto, cicatrizes na íris e emoções que indicam a existência de um fígado saturado.
Também podemos ver numa outra vertente. O paciente diz-nos que tem uma patologia determinada nos pulmões. Imediatamente isso põe o terapeuta em alerta para o seu tom de voz, os seus passatempos, com quem, o que faz, que emoção lhe desperta pois normalmente os pulmões têm a função de inspirar, oxigenar o corpo e expirar, expulsar toxinas. Um bloqueio a esse nível significa tristeza, interrupção da fala, sufoco. E compete ao terapeuta holístico procurar melhorar esse quadro, sempre em colaboração com o paciente, é este quem tem de fazer os trabalhos de casa.
As doenças não surgem por mero acaso. Podem levar algum tempo a espressar-se fisicamente mas, elas vão sendo construídas e o corpo vai produzindo sinais que muitas vezes ignoramos, para não parecermos frágeis. Pois, é preciso ouvir essa máquina inteligente e perfeita que é o nosso corpo e priorizarmo-nos acima de tudo e de todos, só assim poderemos continuar de pé para apoiar aqueles que de nós dependem.